Quarta-feira, 28 de Fevereiro de 2007

Conhecimento e Verdade

    A crença é necessária para o conhecimento, mas não suficiente; será então que há outras condições também necessárias para o conhecimento?

   Alguns termos de linguagem são factivos. Por exemplo, o termo «ver» é factivo. Isto quer dizer que se o João viu a Maria na praia, a Maria estava efectivamente na praia. Se a Maria não estava na praia, o João não a viu lá, apenas pensou que a viu lá, mas enganou-se.

   O mesmo acontece com o conhecimento. Se o João sabe que a Maria está na praia, a Maria está na praia. Se a Maria não está na praia, o João não pode saber que a Maria está na praia, pode pensar, erradamente, que a Maria está na praia, mas isso será apenas uma crença falsa. Como é óbvio, nenhuma crença falsa pode ser conhecimento, mesmo que a pessoa que tem essa crença pense, erradamente, que é conhecimento.

- O conhecimento é factivo, ou seja, não se pode conhecer falsidades.

   Dizer que não se pode conhecer falsidades não é o mesmo que dizer que não se pode saber que algo é falso. As duas coisas são distintas. Por exemplo:

1. A Mariana  sabe que é falso que o céu é verde.

2. A Mariana sabe que o céu é verde.

   1 e 2 são muito diferentes. O exemplo 1 não viola a factividade do conhecimento. Mas a afirmação 2 viola a factividade do conhecimento: A Mariana não pode saber que o céu é verde, pois o céu não é verde.

   Dizer  que o conhecimento é factivo é apenas dizer que sem verdade não há conhecimento.

- A verdade é uma condição necessária para o conhecimento.

   Não se deve confundir as seguintes duas coisas: pensar que se sabe algo e saber realmente algo. Se de facto soubermos algo, então temos a garantia de que isso que sabemos é verdade. Mas podemos pensar que sabemos algo sem o sabermos de facto. Por exemplo, no tempo de Ptolomeu pensava-se que a Terra estava imóvel no centro do universo. E as pessoas estavam tão seguras disso que pensavam que sabiam que a Terra estava imóvel no centro do universo. Contudo, mais tarde descobriu-se que essas pessoas estavam enganadas: elas não sabiam tal coisa, apenas pensavam que sabiam. Claro que quando hoje pensamos que sabemos que essas pessoas estavam enganadas, podemos também estar enganados.

   Será que basta que uma crença seja verdadeira para ser conhecimento?

   Por outras palavras, será que uma crença verdadeira é suficiente para o conhecimento?

   Crenças que por acaso se revelem verdadeiras não são conhecimento (como por exemplo o caso, de jogar no totoloto e ter uma convicção que vou ganhar e depois isso se confirme,era apenas uma covicçao que se tornou numa crença verdadeira,mas não em conhecimento). O conhecimento não pode ser obtido ao acaso.

   Por exemplo: imagine-se que a professora do João lhe perguntava qual a raiz quadrada de quatro. Imagine-se que ele achava que era dois, mas não tinha a certeza. Será que ele sabia qual é a raiz quadrada de quatro, ou será que ele apenas teve sorte ao acertar na resposta? Para haver conhecimento uma pessoa não pode apenas ter sorte em acreditar no que é efectivamente verdade; tem de haver algo mais que distinga o conhecimento da mera crença verdadeira. Para haver conhecimento, aquilo em que acreditamos tem de ser verdade, mas podemos acreditar em coisas verdadeiras sem saber realmente que são verdadeiras. Portanto, nem todas as crenças verdadeiras são conhecimento. Por outras palavras: a crença verdadeira não é suficiente para o conhecimento.

publicado por filosoficamentefalando às 18:46
link do post | comentar | favorito
Domingo, 25 de Fevereiro de 2007

O que é o conhecimento?

 

"O conhecimento é um estado muitíssimo valorizado no qual uma pessoa está em contacto cognitivo com a realidade. Trata-se, portanto, de uma relação. De um lado da relação encontra-se um sujeito consciente, e do outro lado encontra-se uma porção da realidade  com a qual o conhecedor está directa ou indirectamente relacionado. Enquanto a relação directa é uma questão de grau, é conveniente pensar no conhecimento de coisas como uma forma directa de conhecimento relativamente ao qual o conhecimento acerca de coisas é indirecto. Ao primeiro chama-se habitualmente conhecimento por contacto uma vez que o sujeito está em contacto, através da experiência, com a porção de realidade conhecida, ao passo que ao segundo tipo de conhecimento se chama conhecimento proposicional uma vez que aquilo que o sujeito conhece é uma proposição verdadeira acerca do mundo. conhecer o Rodrigo é um exemplo de conhecimento por contacto, ao passo que saber que o Rodrigo é um filósofo é um exemplo de conhecimento proposicional. O conhecimento por contacto inclui não apenas conhecimento de pessoas e coisas, mas também conhecimento dos nossos estados mentais. De facto, os estados mentais daquele que conhece são muitas vezes tidos como porção de realidade mais directamente conhecível.

O conhecimento proposicional tem sido muito mais exaustivamente discutido do que o conhecimento por contacto pelo menos por dois motivos. Por um lado, o conhecimento proposicional é a forma pela qual se comunica o conhecimento, o que significa que o conhecimento proposicional pode ser tranferido de uma pessoa para outra, ao passo que o conhecimento por contacto não pode ser transferido de pessoa para pessoa, pelo menos de forma directa. Outra razão relacionada com esta é a que a realidade  tem uma estrutura proposicional ou, pelo menos, a proposição é a principal forma pela qual a realidade é compreensível para a mente humana. Assim, mesmo que a minha experiência do Rodrigo me leve a conhecer o Rodrigo, e a experiência das minhas emoções me leve a saber o que é possuir tais emoções, como teórica tenho dificuldades em responder à questão «o que é o conhecimento?» relativamente a ambos os casos. É mais fácil explicar o objecto do conhecimento quando se trata de uma proposição. Neste artigo seguirei o procedimento habitual concentrando-me no conhecimento proposicional, mas ao fazê-lo reconheço que a conveniência não implica necessariamente a sua grande importância.

As proposições são verdadeiras ou falsas, mas somente as proposições verdadeiras ligam o sujeito cognitivo com a realidade da forma desejada. Assim, o objecto do conhecimento no sentido que mais interessa aos filósofos é habitualmente visto como uma proposição verdadeira. Saber qual a natureza da verdade, das proposições e da realidade é uma questão matafísica. Por esta razão os epistemólogos não dirigem os seus esforços para estas questões quando escrevem sobre epistemologia, e assim as questões acerca da natureza do conhecimento não se centram no objecto do conhecimento, mas antes nas propriedades do próprio estado mental que fazem dele um estado de conhecimento. Deste modo, as investigações acerca do conhecimento dirigem a sua atenção para a relação de conhecimento centrando-se mais do lado do sujeito da relação do que do lado do objecto."

         Linda Zagzebski, «O que é o Cnhecimento?», 1999, pp. 92-93.

publicado por filosoficamentefalando às 16:49
link do post | comentar | favorito

Sonhos

 

   "Um dia dei asas à minha imaginação e voei, voei e voando, voando cheguei a Deus, e chegando a Deus pedi a Ele que me transformasse em Sol. Deus me transformou em Sol e como Sol eu te acompanhava por todo o lado; tu sentias a minha presença em ti, não da forma como eu queria, mas sentias. Então o dia caía, a noite subia e eu te perdia! Então voltei a Deus e pedi que Ele me transformasse em Lua. Deus me fez a Lua! Eu penetrava pela frecha da tua porta e protegia o teu sono; eu te tocava nos momentos mais íntimos, não da forma como eu queria,mas tocava. Então a noite caía, o dia subia e novamente eu te perdia! Pois bem, mais uma vez voltei a Deus e pedi que Ele me transformasse no teu sangue; Deus me transformou no teu sangue. Era maravilhoso, eu percorria por todo o teu corpo, eu te tocava por inteiro, todo o teu interior, não da forma como eu queria, mas tocava. Até que um dia me fez correr tanto em tuas veias, que eu não entendi. Foi quando tu te apaixonaste; eu fiz o teu coração bater mais forte, eu fiz a tua cabeça sonhar por um amor, por um amor que nao era o meu, mas fiz!

   Finalmente voltei a Deus e pedi a Ele que me transformasse em alguém que pudesse gostar, apaixonar-se e amar. Deus fez-me humano, para que tu pudesses amar; porque todo esse tempo, eu sempre quis ser tudo o que tu sonhavas. Deus disse que eu seria uma pessoa feliz e alegre, que eu saberia rir e brincar, sonhar e amar; e hoje sonho em ter o teu amor, sonho em ter-te só para mim..."

sinto-me:
publicado por filosoficamentefalando às 16:35
link do post | comentar | favorito
Domingo, 11 de Fevereiro de 2007

Liberdade

 

“Liberdade é poder dizer “sim” ou “não”, faço-o ou não faço, digam o que disserem os meus chefes ou os demais; isto convém-me e eu quero-o, aquilo não me convém e, portanto, não o quero. Liberdade é decidir (…). Da primeira vez em que pensas no motivo da tua acção, a resposta à pergunta “porque faço isto?” é (…): “faço-o porque mo mandam fazer, porque é costume fazê-lo, porque me apetece”. Mas se pensares uma segunda vez, a coisa já muda de figura. (…). Não estarei eu a ser escravizado por quem manda em mim? (…) E se me mandarem fazer coisas que não me parecem convenientes, quando ordenaram ao comandante nazi que eliminasse os judeus do campo de concentração? Não poderá ser uma coisa “” – quer dizer, não me convir – por muito que ma mandem fazer, ou “boa” e conveniente mesmo que ninguém me mande que a faça?

O mesmo se passa com os costumes. Se não pensar mais do que uma vez no que faço, talvez me chegue a resposta de que ajo assim “por ser costume”. Mas porque diabo tenho de fazer sempre o que é costume fazer-se. (…) Como se fosse escravo dos que me rodeiam, por muito meus amigos que sejam, ou daquilo que fiz ontem, ou anteontem, e o meu passado! Se viver rodeado de gente que tem o costume de discriminar os negros e isso de maneira nenhuma me parecer bem, porque hei-de ter de imitar essa gente? Se contraí o costume de pedir dinheiro emprestado e de nunca o devolver, mas cada vez me dá mais vergonha fazê-lo, porque não poderei mudar de atitude e começar a partir de hoje mesmo a ser mais certo com as minhas contas? (…)”

 

SAVATER 1993). Ética para um Jovem. Lisboa: editorial Presença, p.44-45

publicado por filosoficamentefalando às 19:48
link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Teoria

 

“Ética e Moral”

 

DISTINÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL

 

Ambos os termos têm o mesmo significado de origem, embora Moral derive de “mores” (costumes) e Ética derive de “ethos” (carácter ou modo de proceder). Tanto um como o outro dizem respeito à distinção entre o bem e o mal, entre a boa e a má acção. O ser humano tem consciência dos seus actos e por isso é capaz de fazer esta distinção. Como diz SAVATER, “entre todos os saberes possíveis existe pelo menos um que é imprescindível: o de que certas coisas nos convêm e outras não ”. Como ser moral o ser humano é capaz de decidir, ou de acordo com a moral vigente (Costume e Norma) ou de acordo com a sua reflexão pessoal (Ética).

 

Por Moral designa-se o conjunto de princípios, juízos, normas ou prescrições aceites por uma sociedade. O que convém ou não à sociedade (bem ou mal) está prescrito, muitas vezes imposto como obrigatório. Por exemplo, entrar de boné numa Igreja não convém, é mal visto pela sociedade e pelos crentes. Mas ajudar um amigo a resolver um problema é agir bem. A Moral tem a ver com a decisão do sujeito perante uma situação prática, na qual ele recorre às normas (leis comuns), para justificar a sua escolha.

 

Mas para além da Moral, há uma dimensão pessoal, normalmente designada por Ética. O Indivíduo pensa a sua própria acção (reflexão) de modo a decidir, por si próprio, de acordo com o que convém, ou seja, de acordo com aquilo que ele considera ser uma boa acção. Por exemplo, diz SAVATER, “ a mentira é geralmente uma coisa má, porque destrói a confiança na palavra e deixa as pessoas de mal umas com as outras”. Mas mentir “para se fazer um favor a alguém”, diz o autor, pode ser útil ou até benéfico.

Assim, a Ética é a reflexão que uma pessoa faz e que a leva a tomar uma decisão que considera apropriada, mesmo que vá contra os Costumes e contra as Normas geralmente aceites. Por exemplo, roubar uma Farmácia é moralmente incorrecto, mas roubar para dar o medicamento à mãe que está doente e que não pode pagar, pode ser aceitável do ponto de vista do indivíduo e da situação. Assim, o jovem que roubou a Farmácia pode justificar a sua acção, encontrando uma razão (motivo) para o seu acto. Perante as normas que reprovam o acto de roubar, o jovem escolheu, ou seja, preferiu (preferência) roubar, em nome da saúde de sua mãe. O mau às vezes parece tornar-se mais ou menos bom e o bom tem, em certas situações a aparência de mau.

Sobre este assunto, SAVATER diz que “saber viver não é lá muito fácil porque existem diversos opostos em relação ao que devemos fazer ”. E a Moral e a Ética são dois dos muitos critérios, que existem, quando queremos tomar uma decisão. Para isso contribui a nossa capacidade de gerir as nossas acções, em função do que achamos ser a boa acção. Por um lado, temos os Costumes, as Regras (normas) ditados pela cultura da sociedade em que vivemos; por outro, as situações que vivemos no nosso dia a dia e que nos apelam para uma escolha pessoal, independentemente daquilo que os outros considerem conveniente.

 

 NORMA E INTENÇÃO

 

NORMA é uma espécie de “lei” (que não está escrita), que indica ao indivíduo regras de acção ou de conduta, que lhe permitem agir bem, em relação aos outros. Por exemplo, “não matar” é uma regra moral.

 

INTENÇÃO de uma acção é o que leva o indivíduo a agir de uma determinada forma.

A intenção comporta a pergunta sobre o porquê de uma acção: porque faz e para que faz. Sendo assim, a intenção é a razão ou o motivo, a partir do qual o indivíduo justifica para si próprio o seu modo de agir. A esta operação chama-se reflexão ética, pois é o que permite ao ser humano pensar a sua acção em função de um fim desejável, que ele escolheu, por considerar conveniente.

 

Há autores que valorizam a intenção da acção, como é o caso de KANT. Para ele o que conta é a acção, mesmo que ela vá contra as normas morais. O dever de agir (Ética deontológica) sobrepõe-se às consequências da acção. Uma intenção pode ser boa, no entanto pode ter consequências desastrosas; ajudar a velhinha a passar a estrada é uma boa acção, suposta numa intenção boa de lhe facilitar a vida; mas se a velhinha for atropelada, as consequências são necessariamente más. Para um defensor de um Ética Teleológica (o caso de Aristóteles), as consequências desta acção são eticamente reprováveis. Para uma Ética Deontológica, o valor da acção reside na intenção da acção, que era à partida boa - ajudar a velhinha a passar a estrada.

 

 

ÉTICA DEONTOLÓGICA (KANT) E

ÉTICA TELEOLÓGICA (ARISTÓTELES)

 

São duas perspectivas ou teorias sobre a acção ética.

 

A ÉTICA DEONTOLÓGICA, defendida por Kant, valoriza a intenção da acção, de acordo com o dever, independentemente das consequências.

Deontologia significa “teoria do dever” ou “estudo do que convém”, em termos de acção. Agir por dever e em função de uma boa intenção são os princípios que determinam a boa acção. Agir bem implica uma boa intenção e uma boa vontade. O que é que isto quer dizer? A acção é boa se a intenção (razão ou motivo) for boa e se ela for pensada como boa vontade, ou seja, se for universal. Será universal se o que decidirmos for bom para nós próprios e para os outros (todos). Se não for uma acção egoísta ou só pensada em função de mim próprio terá uma dimensão ética, de maneira que, como diz KANT: “age de tal maneira que uses a humanidade tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro sempre como um fim e nunca simplesmente como um meio”. Por outras palavras, devemos tratar os outros como nos tratamos a nós próprios; assim se compreende a dimensão universal dos nossos actos, defendida por KANT. Por isso se diz que a ética de KANT é uma Ética Formal: não indica normas concretas de conduta, mas dá indicações gerais de como devemos agir com os outros. Não diz como em concreto devemos fazer para tratar os outros como “fins em si”, do tipo, como fazer para a velhinha passar a estrada, mas, em geral, sugere posturas universais aplicáveis a todas as situações (devemos tratar os outros como pessoas que têm valor por si próprias e que nunca devemos usar para nosso benefício).

 

A ÉTICA TELEOLÓGICA, defendida por autores com ARISTÓTELES é uma Ética consequencialista. Isto significa que a boa acção se deve medir pelas consequências. Ou seja, o fim da acção é o que determina todo o agir. E o fim último e mais importante é a felicidade. Todos os homens se devem reger por esta finalidade.

Teleologia significa o “estudo do fim”; aliás, “teleos” significa fim, o fim da acção. Em concreto, numa acção concreta, o mais importante não é saber se a intenção é boa, mas sim se teve boas consequências. Por isso se diz que é uma Ética do Concreto, que diria com se deve atingir a felicidade e com se deveria ajudar a velhinha a passar a estrada.

Para ARISTÓTELES, o ser humano deve procurar o fim adequado à sua natureza (Humana) e esse fim é a virtude e a felicidade. Nos actos humanos devemos procurar agir em equilíbrio de maneira a não prejudicar os outros. Um acto virtuoso é um acto equilibrado que não peca por defeito nem por excesso. Assim, a coragem excessiva pode levar à morte e a cobardia pode resultar da mesma forma; neste caso a ponderação da acção com vista ao fim que se deseja é a melhor das acções, sendo o meio-termo a melhor solução. Em Ética e segundo este autor, no meio é que está a virtude.

        (Escrito por Luís Mourinha)

publicado por filosoficamentefalando às 19:26
link do post | comentar | ver comentários (14) | favorito

.mais sobre mim

.pesquisar

 

.Janeiro 2010

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

.posts recentes

. Conhecimento Natura...

. Ciência Descontínua

. Estou de volta

. O Sentido da Vida e da Mo...

. A vida

. Estrutura do acto de conh...

. Conhecimento e Verdade

. O que é o conhecimento?

. Sonhos

. Liberdade

.arquivos

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Agosto 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

blogs SAPO

.subscrever feeds